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Arquitetos: IUA Ignacio Urquiza Arquitectos
- Área: 700 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Estudio Urquiza, Ignacio Urquiza
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Reserva El Torón fica na costa de Oaxaca, e é uma extensão de 30 hectares dedicados voluntariamente à conservação. Cuidar desse território, de sua flora e fauna, assim como entender como intervir nele, é o que nos permite chamá-lo de reserva e é a base para tudo o que projetamos dentro dela. Esta casa, como o nome sugere, é a segunda dentro do conjunto. Projetada em colaboração com apda - Ana Paula de Alba - nos interiores e mobiliário, a proposta busca estabelecer uma relação direta e contínua do usuário com o ambiente. A casa é composta por quatro pavilhões independentes, sua disposição responde à topografia do local e à vegetação existente. O primeiro módulo abriga as áreas comuns e os outros três abrigam os quartos; 2 quartos principais de frente para a baía e um no interior da floresta.
O volume principal - aberto em 3 de suas faces sem portas ou janelas - propõe habitar o espaço em um contínuo aberto, mas coberto, em um terraço único sombreado. É uma sucessão linear de espaços que começa com um terraço para a cozinha, usado de manhã e onde bate uma luz suave, e à tarde ou à noite para cozinhar em uma churrasqueira ao ar livre, seguido por uma sala de jantar, sala de estar, terraço e piscina que se integram de forma fluida sob uma única cobertura de madeira e barro. Os telhados dos 4 volumes têm uma água que acompanha a queda do terreno e as copas das árvores, buscando ser discretos dentro do contexto e ao mesmo tempo protegendo o interior do sol poente. Esse gesto proporciona uma sensação de privacidade em relação ao lado de fora, gerando um espaço acolhedor e com pés direitos frescos em seu interior.
Cada um desses módulos possui 3 faces abertas e operáveis e uma quarta face fechada por uma parede de pedra que serve de contenção para as poucas escavações e alterações feitas no terreno para abrigar a casa. A frente curta de cada volume se volta para o horizonte da grande baía da reserva, enquanto as faces longas de cada pavilhão fundem a vista com o contexto, fazendo com que a vegetação existente e os morros dessa topografia acidentada sejam uma extensão direta da casa. O foco da casa não é a arquitetura, mas os vazios gerados pela disposição dos 4 pavilhões que compõem o projeto e que apagam os limites da propriedade. Tanto a arquitetura quanto os interiores foram trabalhados em conjunto desde o início do projeto. Com a intenção de respeitar o contexto em que a casa se encontra como primeiro elemento de interesse visual e interação . A paleta de materiais se concentra em concreto, madeira tropical, pedra local, revestimentos, teca certificada, barro, tecidos de palmeira, linho e tecidos de algodão adaptados para complementar o estofamento, materiais locais que, juntamente com o design de interiores e mobiliário da apda, permitem que a casa seja experienciada com um ar de tranquilidade o tempo todo. Cada peça foi projetada ou selecionada com um sentido muito particular.
Um critério fundamental para a especificação dos elementos que compõem a proposta - tanto na arquitetura quanto no projeto de interiores - foi que a maioria deles deveria ser de caráter local, provenientes de mão de obra e design nacional e de uma seleção material pouco intervencionista, onde o material é utilizado em seu estado natural e recebe o menor tratamento possível para manter suas propriedades originais.
Para alcançar isso, a grande maioria dos móveis foi desenvolvida pela apda para manter uma linguagem visual e material pura, adequada às condições particulares de exposição ao ambiente e uso da casa, ao mesmo tempo em que confere autenticidade a cada peça que compõe o projeto. O uso de materiais locais, a ventilação cruzada, pisos claros como o travertino bruto em uma cor bege claro, antiderrapante, que proporciona uma temperatura agradável para caminhar descalço e permite ver os animais da região, são apenas alguns exemplos dos elementos da arquitetura vernacular incorporados à proposta.
O maior desafio deste projeto foi entender sua localização, respeitar a vegetação existente e acompanhar a topografia do local para utilizá-la a favor do habitar da residência. Para a construção da casa, os volumes foram primeiro traçados no local, foram estudados os cortes necessários e mínimos que deveriam ser feitos para abrigar os volumes, respondendo a uma dupla inclinação frontal e lateral, a vegetação foi removida e depois realocada, complementando os vazios gerados pela disposição dos 4 pavilhões. Os 80% da vegetação que ocupava a área de implantação dos pavilhões foram transplantados, sendo essa vegetação a responsável por proporcionar privacidade entre cada um dos módulos.
Após quase três anos de um trabalho lento e cuidadoso, podemos desfrutar de uma arquitetura dentro de um contexto de vegetação madura e insubstituível. Para a construção desta casa, não foi utilizado um maquinário pesado. Todos os materiais foram transportados por cerca de um quilômetro com um quadriciclo e um trailer construído no local, uma decisão que permitiu não alterar a vegetação que cerca o projeto e que preserva as trilhas projetadas para percorrer a reserva a pé, de bicicleta ou em carrinhos elétricos. O resultado é um projeto que compreende a vida dentro de um ambiente rigoroso e o coloca em contato direto com ele, ao mesmo tempo que é acolhedor e fresco. O ar e a vegetação são os dois elementos que permitem viver o ar livre de forma direta e estar em contato constante com o contexto imediato.
